ALERTA SOBRE OS PREENCHIMENTOS COM POLIMETILMETACRILATO, OU "PMMA", BIOPLASTIA OU ACRÍLICO

Foto PMMA "Made in china"
ALERTA SOBRE OS PREENCHIMENTOS COM POLIMETILMETACRILATO, OU "PMMA", BIOPLASTIA OU, SIMPLESMENTE, ACRÍLICO:
Vários são os produtos usados para preencher um volume. Dependendo de sua biodisponibilidade, composição química e degradação, os preenchimentos podem ser classificados como temporários ou permanentes, orgânicos ou inorgânicos e heterólogos e autólogos. Vários materiais aloplásticos têm sido usados para o preenchimento de depressões e para o contorno corporal. Os preenchimentos são geralmente injetáveis ou inseridos cirurgicamente.
Durante os últimos 20 anos, o POLIMETILMETACRILATO (PMMA) tem sido utilizado como um material de preenchimento sintético permanente para o aumento de tecido. Muitas vezes, indevidamente.
O PMMA PODE PROVOCAR MUITAS COMPLICAÇÕES CLÍNICAS, TANTO NA FASE AGUDA COMO NA FASE CRÔNICA. EXISTE CORRELAÇÃO CLÍNICA ENTRE A APLICAÇÃO DO PMMA E A FISIOPATOLOGIA DE COMPLICAÇÕES AGUDAS E TARDIAS (Blanco Souza et al., 2018; Cannata-Ortiz et al., 2016; Christensen et al. 2005; de Melo Carpaneda e Carpaneda, 2012; Haneke, 2014; Hindi et al. 2015; Kadouch et al. 2013; Khatibi, 2018; Lazzeri et al. 2012; Lemperle et al. 2003; Quirino et al. 2012; Sahin e Isik, 2012; Salles et al. 2008; Wolfram et al. 2006; Tzankov et al. 2006).
Os Preenchimentos injetáveis sintéticos com um efeito permanente são ditos atóxicos e não imunogênicos e diferem no que diz respeito à sua composição, características químicas e biológicas. No entanto, todos funcionam como corpos estranhos nos tecidos, provocando uma resposta do organismo na tentativa de remover o gel.
A injeção de PMMA nos tecidos pode causar graves complicações e efeitos colaterais agudos e tardios. Nódulos inflamatórios podem se desenvolver nos locais de injeção em alguns pacientes até mesmo muitos anos após a aplicação. Inicialmente, as complicações são relacionadas com o comprometimento vascular e na fase tardia são geralmente consequência da contratura capsular que envolve as partículas de PMMA. A contração do tecido local provoca o endurecimento e nodulação clinicamente visível nas áreas implantadas, terminando com a extrusão do material de preenchimento.
As complicações são classificadas em grupos principais de acordo com a apresentação:
1 - Necrose do tecido: complicação grave que pode estar relacionada com falhas técnicas, pode ser dependente de fatores da paciente ou causada por uma infecção local;
2 - Granuloma: geralmente se apresenta como uma complicação subaguda, cerca de 6 a 12 meses após o procedimento; podendo provocar hipercalcemia. Podem ser únicos ou múltiplos.
3 - Reações inflamatórias crônicas: geralmente ocorrem anos mais tarde e podem ser relacionadas a um evento desencadeante, como uma outra operação ou infecção na área que foi injetado o produto (estas reações são imunogênicas na origem e podem ter períodos cíclicos de ativação e remissão); nos lábios, podem ocorrer sintomas severos, especialmente linfedema (devido à mobilidade do lábio);
4 - Infecções: são complicações raras, mas possíveis após os procedimentos de preenchimento com o PMMA.
5 - Retinopatia: com diminuição da visão, que pode ocorrer mesmo com injeções à distância nos glúteos.
6 - Cegueira: ocorre principalmente com preenchimentos na face, por embolização da artéria oftálmica.
7 - Glomerulonefrite: por microembolismos dos capilares renais.
8 - Morte: pode ocorrer por complicações infecciosas, tromboembolismo pulmonar, dentre outras.
Estudos histológicos de doentes que desenvolveram complicações mostram o desenvolvimento de cápsulas que, quando muito próximas, podem formar nódulos de grupos capsulares concêntricos, envolvendo vários conjuntos de microesferas.
Portanto, as complicações com os preenchimentos de polimetilmetacrilato (PMMA), são muitas vezes permanentes e difíceis ou até mesmo impossíveis de serem tratadas. Diretrizes de segurança devem ser observadas quando se considera o uso do PMMA para o aumento de volume do tecido. É recomendado que apenas os médicos que estejam familiarizados com as técnicas de injeção e com as características químicas e biológicas dos vários produtos injetáveis devam realizar tais intervenções. Os preenchimentos permanentes, principalmente, devem ser usados com extrema reticência em cirurgia estética e é recomendável a sua aplicação apenas em procedimentos reconstrutivos. Além disso, é fundamental a informação, documentação e relato de todo e qualquer efeito adverso.
Vejamos as determinações de algumas entidades reguladoras da Medicina:
- De acordo com o Alerta Público sobre Procedimentos de Preenchimentos Estéticos, da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica e a Câmara Técnica de Produtos e Procedimentos em Estética, de 17/03/2006:
" Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
ALERTA PÚBLICO SOBRE PROCEDIMENTO DE PREENCHIMENTOS ESTÉTICOS: Em virtude da larga divulgação de procedimento conhecido como bioplastia executado por médicos, inclusive em programas de televisão, e considerando aspectos éticos e técnicos dessa prática, as Câmaras Técnicas de Cirurgia Plástica e de Produtos e Procedimentos em Estética deste Conselho Federal de Medicina resolveram, em reunião conjunta realizada em 17/03/2006, emitir o seguinte comunicado: 1. O produto usado, o PMMA (polimetilmetacrilato), em diversas apresentações comerciais, encontra-se, em algumas formas, registrado na ANVISA para uso específico e determinado; 2. Não há estudos sobre o comportamento a longo prazo desse produto usado no corpo humano para preenchimentos, principalmente em grandes volumes e intramuscular; 3. Recomenda-se aos médicos cautela nessa prática, no sentido de proteção maior aos pacientes, os quais podem ser influenciados pela divulgação fantasiosa e exagerada; 4. E preocupante a constatação de que não-médicos aventuram-se de maneira irresponsável em procedimentos invasivos de preenchimentos, expondo pacientes a riscos inaceitáveis; 5. Esta recomendação é necessária até que estudos embasados técnica e eticamente possam comprovar a eficácia e a não-maleficência deste procedimento. ANTÔNIO GONÇALVES PINHEIRO Vice-Presidente do Conselho Federal de Medicina Coordenador das Câmaras Técnicas de Cirurgia Plástica e de Produtos e Procedimentos em Estética".
- De acordo com o Jornal da Associação Médica de Minas Gerais de Abril/Maio 2006:
"JORNAL DA ASSOCIAÇAO MEDICA - ESPECIALIDADE
CFM faz alerta sobre bioplastia
Graças à intensa divulgação na mídia do procedimento de preenchimento estético conhecido como "bioplastia", o Conselho Federal de Medicina (CFM) fez um alerta público, chamando a atenção dos médicos e da população sobre os aspectos éticos e técnicos da prática. O CFM condenou o uso indiscriminado do polimetilmetacrilato (PMMA), utilizado na bioplastia. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica -Regional Minas Gerais, o PMMA é indicado para correção de sequelas de tumores, rugas, pequenas cicatrizes e enfermidades faciais congênitas, como o lábio leporino. O produto tem sido usado também para contorno corporal, preenchendo, por exemplo, glúteos e panturrilhas. Na nota oficial, o CFM ressaltou que não existem estudos científicos que comprovem o efeito da substância no organismo a longo prazo. O presidente da SBCP-MG, Renato Lage, lembra que o PMMA é uma substância definitiva. Ao contrário de produtos derivados do ácido hialurônico, utilizados no preenchimento de rugas finas e depressões, o PMMA não é absorvido pelo organismo com o passar do tempo. "O preenchimento estético feito de maneira indiscriminada pode causar hematomas no paciente e, até mesmo, necrose dos tecidos", alerta o especialista. O CFM recomenda cautela aos médicos na indicação da bioplastia e lembra que os pacientes podem ser influenciados por "divulgação fantasiosa e exagerada". Diz ainda a nota: "É preocupante a constatação de que não-médicos aventuram-se de maneira irresponsável em procedimentos invasivos de preenchimentos, expondo pacientes a riscos inaceitáveis". Lage completa: "A bioplastia só deve ser feita por especialistas. É uma irresponsabilidade profissionais não habilitados, que fazem cursinhos de final de semana, realizarem esse procedimento". A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que o PMMA deve ter indicações de dosagem prescritas pelo médico, conforme a correção desejada. "O paciente deve exigir a apresentação da validade dos medicamentos a serem utilizados durante a bioplastia", recomenda Lage. "O preenchimento estético feito de maneira indiscriminada pode causar hematomas e necrose dos tecidos", afirma o presidente da regional mineira da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Renato Lage".
- De acordo com a Resolução da Anvisa RE Nº 2.732/2007:
"Art. 1º Como medida de interesse sanitário, dar publicidade à proibição de manipulação em farmácias de produtos compostos pela substância POLIMETILMETACRILATO, em todo o território nacional, para fins de medicina estética e reparadora, por não preencher os requisitos legais e regulamentares e não atender as condições sanitárias exigidas por esta Agência Nacional de Vigilância Sanitária."
- De acordo com a Portaria Conjunta SAS SVS Nº 01/2009:
"§1º - O Tratamento Reparador da Lipodistrofia está dividido em duas classificações para efeitos desta Portaria: (a) tratamento reparador da lipodistrofia, que compreende os procedimentos indicados para o tratamento cirúrgico reparador da lipohipertrofia da região do abdome, região mamária, dorso-cervical (giba), submandibular e para o tratamento cirúrgico reparador da lipoatrofia de glúteos e região perianal e da lipoatrofia facial; e (b) tratamento reparador da lipoatrofia facial, que compreende somente o preenchimento com polimetilmetacrilato (PMMA) na perda dos coxins gordurosos da face."
- De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), no Parecer Nº 2238/2010, ASSUNTO: "PROCEDIMENTO DE BIOPLASTIA DE GLÚTEO - Uso da substância polimetilmetacrilato (PMMA):"
"O PMMA denominação abreviada de polimetilmetacrilato é uma substância biocompatível derivada do plástico e usada como componente médico em diversas especialidades. Ortopedia, Oftalmologia e Cirurgia Plástica têm em seu arsenal médico o eventual uso destas substancias como expansor ou matéria prima de implantes ou próteses. Na cirurgia plástica especificamente é utilizado como preenchimento em diversas áreas do corpo e é conhecido como BIOPLASTIA, sendo seu uso extremamente limitado e, quando em grandes quantidades, não seguro e de resultados imprevisíveis a longo prazo. É um material não absorvível, portanto de caráter definitivo, injetado no interstício dos tecidos para lograr maior volume. É encontrado no mercado em diversas concentrações e marcas comerciais, sendo até manipulado por drogarias associadas a laboratórios de manipulação. Encontrado no mercado em concentrações que variam de 2%,10% e 30% é constituído por microesferas de PMMA dissolvidas em veiculo próprio. Está indicado para pequenas correções do corpo, principalmente da face, mas em pequenas quantidades, ainda assim com reserva para a grande maioria dos médicos cirurgiões plásticos. O Conselho Federal de Medicina em reunião conjunta as Câmaras Técnica de Cirurgia Plástica e de Produtos e Procedimentos em Estética alerta: 1. O produto usado, o PMMA (polimetilmetacrilato), em diversas apresentações comerciais, encontra-se, em algumas formas, registrado na ANVISA para uso específico e determinado; 2. Não há estudos sobre o comportamento a longo prazo desse produto usado no corpo humano para preenchimentos, principalmente em grandes volumes e intramuscular; 3. Recomenda-se aos médicos cautela nessa prática, no sentido de proteção maior aos pacientes, os quais podem ser influenciados pela divulgação fantasiosa e exagerada; 4. É preocupante a constatação de que não-médicos aventuram-se de maneira irresponsável em procedimentos invasivos de preenchimentos, expondo pacientes a riscos inaceitáveis; 5. Esta recomendação é necessária até que estudos embasados técnica e eticamente possam comprovar a eficácia e a não-maleficência deste procedimento. Em recente estudo elaborado pelo médico Claudio Cardoso de Castro, afirma: O polimetilmetacrilato, substância utilizada em técnicas sem cortes de preenchimento estético popularmente conhecidas como bioplastias, pode ser absorvida pelas células e provocar inflamações OU MUDAR DE LUGAR NO ORGANISMO, GERANDO DEFORMIDADE E ATÉ MUTILAÇÃO. A constatação é de um estudo feito pelo cirurgião plástico e membro da Academia Nacional de Medicina Cláudio Cardoso de Castro. O resultado do trabalho do médico reacendeu a polêmica em torno do uso estético dessa substância injetável, originalmente empregada na fabricação de próteses ortopédicas e ortodônticos. Há alguns anos, o produto, chamado de PMMA, vem sendo adotado em técnicas de modelagem do corpo feitas em consultórios, clínicas de estética e até salões de beleza. Sua utilização é autorizada pela ANVISA (agência nacional de vigilância sanitária) para corrigir problemas estéticos no nariz, queixo, orelhas e contorno facial. A idéia da pesquisa surgiu por causa do número de pacientes que chegavam com complicações causadas pelo uso de PMMA ao Hospital Universitário Pedro Ernesto, onde Castro dá aula. Com uma bolsa da Faperj (Fundação de Amparo a Pesquisa do Rio de Janeiro), o cirurgião reuniu 21 pacientes com imperfeições estéticas nas orelhas e que concordaram em ter a substância injetada nos lóbulos. "Essa característica facilitou a retirada do material para análise posterior". Seis meses depois, a substância foi retirada e levada para estudo. A análise constatou que em todos os casos houve absorção do PMMA pelo organismo. Além disso, 20 tiveram infiltração e houve formação de nódulos em 19 deles. "A absorção pelos tecidos demonstra que o preenchimento não é permanente e que há migração", disse Castro, para ele, O QUE ACONTECE COM PMMA É EQUIVALENTE AO SILICONE LÍQUIDO. "OS FABRICANTES DIZEM QUE AS COMPLICAÇÕES SÃO DECORRENTES DA MÁ COLOCAÇÃO, MAS O QUE A PESQUISA CONSTATOU É QUE OS PROBLEMAS SÃO DA PRÓPRIA SUBSTÂNCIA", afirmou. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Yoshikazu Tariki, recomenda que a substância seja utilizada apenas para pequenos procedimentos de até 2 ou 3 milímetros em regiões da face. Em alguns casos, o PMMA é injetado em doses de até 400 mililitros, como nas nádegas. "É trabalho para médicos. Não deveria ser utilizado com fins estéticos. Deve ser feito com muita cautela e com um profissional reconhecido", alerta Tariki, acrescentando que existem algumas áreas do corpo onde há mais complicações, como perto do nariz e nos lábios. O médico e integrante da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do Conselho federal de Medicina (CFM), Carlos Alberto Jaimovich, chama de "epidemia" o uso de polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos. "O PMMA se tornou uma verdadeira epidemia que tem sido aplicada de maneira indiscriminada.". Segundo ele, "o resultado imediato, na maioria das vezes, é fascinante, mas em um percentual pequeno o resultado inicial não tem solução". "O que estamos vendo agora é que ao longo do tempo observamos o endurecimento da região, migração e processo inflamatório cíclico incurável". Diz o médico. O problema é que após o uso, as moléculas de PMMA formam pequenas gotículas que são absorvidas pelo tecido. É o que garante o carácter permanente, embora estudos recentes mostram que pode haver migração para outros locais do corpo. Inúmeros casos de necrose, infecções e reações inflamatórias crônicas têm sido relatados em trabalhos e publicações médicas, determinando seqüelas de difícil reparação. Portanto, a área médica já encara seu uso com muita restrição em pequenas quantidades, em grandes quantidades seu uso é inseguro e imprevisível, podendo causar reações crônicas e por vezes intratáveis definitivamente."
- De acordo com a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Núcleo de Gestão do Sistema Nacional de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária, Unidade de Tecnovigilância, no Alertas de Tecnovigilância Nº 1136/2012:
"Alerta de Segurança para a utilização do Produto POLIMETILMETACRILATO - PMMA
É sabido que a aplicação dessa substância pode causar alguns efeitos colaterais indesejáveis, com uma taxa total estimada em 3%, incluindo telangiectasias, cicatrizes hipertróficas, reações alérgicas e formação de granuloma."
A utilização desse produto nas cirúrgias reparadoras deve obedecer os preceitos dispostos na Portaria Conjunta SAS/SVS N.º 01, de 20 de janeiro de 2009, a qual estabelece critérios rígidos de credenciamento da rede de alta complexidade, para a realização do Tratamento Reparador da Lipodistrofia. No âmbito da estética, tanto a procedência do produto, quanto a capacitação do profissional devem ser criteriosamente observados. A orientação do paciente deve ser completa, de modo a proporcionar ao mesmo a livre escolha de submeter-se ou não ao procedimento."
O Conselho Federal de Medicina - CFM e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica já se manifestaram sobre o assunto, condenando sua utilização indiscriminada em 2006."
Fonte: http://antigo.anvisa.gov.br/listagem-de-alertas/-
- De acordo com o Conselho Federal de Medicina, no Parecer CFM Nº 5/13:
"A consulente alega que as crescentes complicações pelo uso indiscriminado do polimetilmetacrilato (PMMA) para fins estéticos está causando grande insegurança e instabilidade à sociedade e aos diversos profissionais da área da saúde, que se manifestam contrários ao seu uso. A bioplastia, técnica bastante difundida nos últimos três anos e procedimento utilizado para aplicação da substância, tem sido excessivamente exposta pelos veículos de comunicação como um procedimento simples e sem riscos à saúde dos pacientes.
CONTUDO, ESTA NÃO É A REALIDADE QUE DIVERSOS MÉDICOS RENOMADOS RELATAM EM SEUS CONSULTÓRIOS E A FALTA DE UMA SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA ESTÁ ACARRETANDO AOS PACIENTES GRAVES COMPLICAÇÕES QUE SE INICIAM COM QUADROS SIMPLES, COMO INFLAMAÇÕES E INCHAÇOS TEMPORÁRIOS, E CHEGAM A QUADROS MAIS COMPLEXOS, COMO DEFORMIDADES PERMANENTES E NECROSE DOS TECIDOS.
Recomenda-se aos médicos cautela nesta prática, no sentido da proteção maior aos pacientes, os quais podem ser influenciados pela divulgação fantasiosa e exagerada;"
Foi autorizada a utilização em tratamento reparador da lipodistrofia para pacientes portadores de HIV/Aids e para usuários de antirretrovirais, segundo orientações da Anvisa e Ministério da Saúde."
Na cirurgia plástica, especificamente, é utilizada como preenchimento em diversas áreas do corpo e é conhecida como bioplastia, sendo seu uso extremamente limitado e, quando em grandes quantidades, não seguro e de resultados imprevisíveis a longo prazo. Apesar de ser considerado um material não absorvível, estudos com a retirada de tecidos submetidos previamente à injeção de PMMA constataram a absorção pelo organismo e migração, o que o assemelha a uma injeção de silicone líquido."
- De acordo com a Notícia da Sociedade Brasileira De Cirurgia Plástica (SBCP), de 27 de dezembro de 2016:
"Pesquisa revela que 17 mil pessoas tiveram sequelas após uso do metacril
27 de dezembro de 2016
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica calculou número de pacientes que sofreram deformidades e complicações por causa do produto.
SÃO PAULO - Muito utilizado para preenchimento e modelagem facial e corporal, o polimetilmetacrilato (PMMA), também conhecido como metacril ou bioplastia, provocou deformidades e complicações em cerca de 17 mil pacientes de todo o País, segundo pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional São Paulo (SBPC-SP) e obtida pelo Estado.
Essa é a estimativa do número de pacientes que precisaram recorrer a cirurgiões plásticos a fim de corrigir sequelas deixadas pelo produto no período de um ano, entre maio de 2015 e de 2016, conforme a pesquisa feita pela SBPC-SP com 300 especialistas brasileiros.
O PMMA é um produto sintético composto por microesferas de acrílico aplicado por meio de cânulas, sob anestesia local. Os riscos do uso do produto ganharam atenção no final de 2014, quando a modelo Andressa Urach foi internada em estado grave com uma infecção nos glúteos e coxas causada pelo uso de metacril e hidrogel, outro produto usado para preenchimento corporal.
"Como é formado por microesferas, o PMMA se espalha pelo tecido da região após ser aplicado e, por ser um corpo estranho, costuma causar uma reação que produz nódulos e deformidades. O problema maior é que o quadro é quase insolúvel porque, para extrair o produto, é preciso retirar tecido sadio em volta. É como tentar tirar cola aplicada sobre uma esponja", diz Luis Henrique Ishida, presidente da SBCP-SP.
Ele relata que, além de ser usado como modelador para glúteos e coxas, o produto tem sido aplicado no rosto para o preenchimento de rugas. "Quando ocorrem complicações, são necessárias pelo menos duas cirurgias para tentar minimizar o problema, mas a região não volta a ser como era. Além disso, há pessoas que podem ter infecções graves ou reações alérgicas que precisarão ser tratadas com corticoides para o resto da vida", diz o especialista, que pede que a substância seja banida para fins estéticos. "Ela começou a ser usada para corrigir deformidades de pacientes HIV positivos. Mesmo nesses casos os resultados não são os melhores."
Barato. Médicos dizem que a opção pelo metacril ganhou adeptos pelo custo inferior a outros procedimentos estéticos. Enquanto uma sessão de aplicação de ácido hialurônico custa R$ 2 mil, a de PMMA vale cerca de R$ 900 e nem sempre é feita por médicos. Na internet, é possível encontrar clínicas de estética, consultórios odontológicos e até salões de beleza oferecendo o procedimento.
A psicóloga Dulcinéa Ferraz, de 50 anos, foi uma das vítimas do uso do polimetilmetacrilato. Em 2010, ela procurou uma clínica de São José dos Campos, onde mora, para fazer o preenchimento de uma ruga profunda acima da boca. A médica indicou a bioplastia para a marca de expressão e também para dar volume aos lábios. "Em nenhum momento ela me explicou que havia riscos."
Dois anos depois, Dulcinéa passou a notar um inchaço e o aparecimento de feridas e nódulos na boca. "Eu parecia um índio botocudo tamanho o inchaço da minha boca. Fiz duas cirurgias, tomei medicamentos, mas dava uma melhorada e depois voltava. Minha autoestima deixou de existir, não queria mais sair de casa." Em 2015, a psicóloga fez uma plástica para a retirada de parte do produto. "Não saiu tudo, mas estou melhor."
Anvisa. Questionada sobre a regulamentação do uso do polimetilmetacrilato no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, para fins estéticos, tanto a procedência do produto quanto a capacitação do profissional devem ser observados pelos pacientes.
"A orientação do paciente deve ser completa, de modo a permitir sua livre escolha de submeter-se, ou não, ao procedimento. Os estabelecimentos devem possuir condições hígidas e ser devidamente equipados", informou a agência. O uso do produto em procedimentos reparadores, como para pacientes com lipodistrofia causada pelo tratamento contra o HIV, deve ser feito em unidades de saúde credenciadas.
"Pesquisa revela que 17 mil pessoas tiveram sequelas após uso do metacril
Fonte: Estadão: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,pesquisa-revela-que-17-mil-pessoas-tiveram-sequelas-apos-uso-do-metacril,10000095386
- O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), a Sociedade Brasileira De Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) pedem retratação à Anvisa sobre indicações do PMMA em Nota de Agravo, de 27 de julho de 2018:
"O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) vêm a público contestar o aviso de esclarecimento sobre indicações do polimetilmetacrilato (PMMA), divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta quarta-feira (25/julho/2018).
Não obstante, data de 2006, a preocupação das entidades médicas (SBCP, SBD e Conselho Federal de Medicina - CFM) com o uso indiscriminado de PMMA para fins estéticos, motivo pelo qual o CFM emitiu alerta público sobre a periculosidade da utilização deste produto. Em 2013, a SBCP reiterou posicionamento de restrição do emprego de PMMA em tratamentos médicos da especialidade.
O comunicado, emitido em 25/07/2018, pela Anvisa sobre a utilização do produto em situações com finalidades explicitamente estéticas - como o preenchimento dos glúteos , afirma que o PMMA não é contraindicado, além de não estabelecer critérios de sua utilização. E acrescenta "cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto".
FACE AOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS, DE CASOS DE MORTE COM A UTILIZAÇÃO INADEQUADA DO PRODUTO PARA FINS ESTÉTICOS, A ANVISA, AO DIVULGAR ESTE DOCUMENTO, PRESTA UM DESSERVIÇO TANTO À POPULAÇÃO QUANTO À CLASSE MÉDICA, UMA VEZ QUE ESTÁ COMPROVADO QUE O PMMA NÃO PODE SER USADO INDISCRIMINADAMENTE E TAMPOUCO EM GRANDES QUANTIDADES.
A situação é grave, pois é sabido que o produto, cuja aplicação é definitiva, não pode ser removido de maneira isolada, quando apresentar complicações, sendo sua remoção acompanhada dos tecidos preenchidos, podendo gerar importante dano estético e deformação. É impossível prever quais indivíduos serão suscetíveis e quando essas reações podem vir a ocorrer, sendo a qualquer tempo, mesmo anos após sua aplicação.
Diante disso, o Cremesp, a SBCP e a SBD exigem que a Anvisa se retrate publicamente e reordene as recomendações de uso do PMMA, como medida de proteção a pacientes e colaborando para que a Medicina seja praticada de maneira ética e transparente quanto à eficácia e perigo de determinados produtos e medicamentos."
"O uso de PMMA pode provocar infecção, necrose e glomerulonefrite aguda" (Cannata-Ortiz et al., 2016).
Fonte: https://diagnosticpathology.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13000-016-0453-y
De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, na publicação de 18 de julho de 2018: Sociedade Brasileira de Dermatologia se pronuncia sobre a morte de bancária, no Rio de Janeiro, após se submeter a procedimento estético com profissional não habilitado:
"Lilian Quezia Calixto de Lima Jamberci, de 46 anos, bancária de Cuiabá, morreu na madrugada do último domingo (15/7), no Rio de Janeiro, após realizar "bioplastia" nos glúteos, procedimento estético invasivo, geralmente feito com o uso de polimetilmetacrilato (PMMA), com profissional não habilitado. A vítima realizou o procedimento com Denis Cesar Barros Furtado, conhecido "Doutor Bumbum", na cobertura onde ele morava, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, em vez de uma clínica médica ou hospital.
"A oferta exagerada de procedimentos estéticos invasivos por profissionais que não tenham a devida habilitação e autorização legal para sua execução tem sido sistematicamente publicada em veículos de comunicação e mídias sociais como procedimentos simples e sem riscos à saúde da população. Ao realizar qualquer procedimento estético invasivo, é preciso certificar-se se o profissional escolhido é médico, habilitado e com situação regular no Conselho Regional de Medicina (CRM), evitando situações de risco decorrentes de possível atendimento por pessoas sem a devida qualificação e sem competência legal para tanto", alerta o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Sergio Palma.
O polimetilmetacrilato (PMMA), utilizado na "bioplastia", é um material de enchimento bifásico composto por microesferas suspensas em solução de colágeno bovino, carboximetilcelulose ou hidroxietilcelulose. É utilizado como preenchimento em diferentes áreas do corpo e na face, sendo seu uso extremamente limitado. "Importante alertar que quando utilizado o preenchimento com a substância PMMA, a recomendação é que o procedimento seja feito por médicos, em pequenas doses e com restrições, pois o uso em grandes doses não é seguro, podendo produzir resultados imprevisíveis e indesejáveis, incluindo reações incuráveis e definitivas. O uso dessa substância pode causar edemas locais, processos inflamatórios, reações alérgicas e formação de granuloma, entre outras. Essas reações podem ser imediatas, em curto prazo, após o procedimento ou tardias", explica o Dr. Sergio Palma.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta que os procedimentos estéticos invasivos envolvem algo muito sério, a saúde, e não podem estar separados de um atendimento médico responsável. Do ponto de vista da saúde pública, vale ressaltar que a prática da medicina e realização de tratamentos devem ser feitos em estabelecimentos de saúde, como consultórios médicos, clínicas e hospitais, locais onde é possível observar os quesitos de biossegurança dos procedimentos.
É dever do médico guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre, em qualquer circunstância, em benefício do paciente; agindo com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. Nesse sentido, o médico deve envidar o máximo esforço na busca da redução de riscos na assistência aos seus pacientes. Para a execução de procedimentos clínico-cirúrgicos, as normas mínimas para o funcionamento de consultórios médicos e dos complexos cirúrgicos para procedimentos com internação de curta permanência devem ser rigorosamente observadas, atendendo as exigências do Conselho Federal de Medicina (CFM).
O conhecimento e domínio das técnicas de aplicação, da anatomia local e fisiopatologia, das indicações e das contraindicações com base no estudo amplo das doenças que envolvem a pele, são fundamentais para alcançar melhores resultados, bem-estar e segurança do paciente. Também é de extrema importância que o profissional médico executor do procedimento estético esteja preparado para prontamente reconhecer, avaliar e conduzir possíveis efeitos adversos, bem como de realizar diagnóstico prévio de doença impeditiva do ato e da terapêutica.
É valido lembrar ainda que os procedimentos invasivos das áreas dermatológica/cosmiátrica devem ter indicação e execução feita por médicos, de acordo com a Lei 12842/2013. É o que esclarece também o parecer do CFM n. 35/2016.
A SBD reforça a importância de a população certificar-se sobre a capacitação do profissional escolhido para realizar um procedimento estético. Também alerta sobre o cuidado com os sites de compras coletivas e anúncios na internet, que oferecem pacotes baratos e promoções. Deve haver desconfiança dos locais que se dispõem a cobrar preços muito baixos, frequentemente com muita rotatividade de profissionais e, nem sempre, regularizados como estabelecimento de saúde.
A SBD é a única instituição reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), como representante dos dermatologistas no Brasil."
Fonte: https://www.sbd.org.br/sociedade-brasileira-de-dermatologia-se-pronuncia-sobre-a-morte-de-bancaria-no-rio-de-janeiro-apos-se-submeter-a-procedimento-estetico-com-profissional-nao-habilitado/
- De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, na publicação de 19 de julho de 2018: "Saiba mais sobre material usado por médico em mulher que morreu:
"Saiba mais sobre material usado por médico em mulher que morreu
O polimetilmetacrilato (PMMA) é um produto sintético, similar ao acrílico, utilizado como preenchimento em diferentes áreas do corpo e da face. Seu uso é extremamente limitado porque pode causar edemas locais, processos inflamatórios, reações alérgicas e formação de granuloma.
Foi durante a aplicação de PMMA nos glúteos que a bancária Lilian Calixto, 46, passou mal e precisou ser socorrida. Levada ao hospital, não resistiu e morreu horas depois por causa de uma parada cardíaca, na madrugada de domingo (15).
Lílian, que morava em Cuiabá, no Mato Grosso, tinha ido ao Rio de Janeiro para fazer o procedimento com o médico Denis Cesar Furtado, conhecido como Doutor Bumbum. A promessa é que tudo seria feito em um consultório, no entanto, a bancária foi levada para o apartamento do médico, na Barra da Tijuca, zona Oeste.
Durante o procedimento, Denis recebeu ajuda de uma técnica em enfermagem, sua namorada, que já foi presa, e da mãe, que exercia a profissão de médica ilegalmente após ter o registro da profissão cassado. Os quatro foram indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa. Denis está foragido.
De acordo com o cirurgião plástico Dênis Calazans, secretário-geral da SBCP, quando usado em grande quantidade, os riscos de embolia e infecção são grandes. Além disso, ele não deve ser usado em aplicação intramuscular. "Uma vez aplicado é impossível retirar todo o produto. Sempre vai ficar algum resíduo", afirma.
Outro alerta é sobre procedimentos feitos fora do ambiente hospitalar. Calazans explica que qualquer tratamento estético deve ser feito em hospital, clínica ou consultório. "É um tratamento médico e como todo tratamento do tipo, deve ser feito em um hospital, clínica ou consultório, lugares aprovados pela vigilância sanitária, que seguem os quesitos de biossegurança".
O PMMA é um produto autorizado pela Anvisa para pacientes com HIV que tenham atrofia na face, chamada de lipodistrofia facial.
A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) se manifestaram sobre o caso, por meio de comunicado. "Procedimentos estéticos invasivos envolvem algo muito sério, a saúde, e não podem estar separados de um atendimento médico responsável", afirmou a SBD.
Já a SBCP disse que a crescente invasão da especialidade por não-especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e casos fatais como esse.
As entidades também destacaram a importância de verificar a formação do profissional que vai fazer o procedimento, restrito a dermatologistas e cirurgiões plásticos, que dispõem de formação necessária para trabalhar com esse tipo de material.
De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Sergio Palma, é possível verificar a formação do médico no Conselho Regional de Medicina. "Isso pode ajudar a evitar situações de risco decorrentes de possível atendimento por pessoas sem a devida qualificação e sem competência legal para tanto", afirma.
No caso do cirurgião plástico, a formação leva, no mínimo, 11 anos. Após os 6 anos da graduação em medicina, é preciso passar pela formação de cirurgião geral que dura 2 anos, antes de cumprir mais 3 anos em cirurgia plástica.
Outra crítica é quanto ao uso das redes sociais para a divulação do trabalho médico. O "Doutor Bumbum" costumava usar a internet para divulgar técnicas e procedimentos. "A utilização de mídias sociais para venda de produtos é um problema muito sério, o público acaba comprando a ideia de que o médico é um profissional sério e nem sempre isso corresponde à realidade", afirma Calazans."
Fonte: https://www.sbd.org.br/saiba-mais-sobre-material-usado-por-medico-em-mulher-que-morreu/
De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, na publicação de 23 de julho de 2018: "Preenchimento ligado à morte de paciente no RJ tem liberação da Anvisa, mas deve ser usado com cautela, alertam especialistas":
"O caso do médico brasileiro Denis Cesar Barros Furtado, conhecido nas redes sociais como Dr. Bumbum, acusado de injetar uma grande quantidade de polimetilmetacrilato (PMMA) nos glúteos de uma paciente em um procedimento no próprio apartamento onde vivia, no Rio de Janeiro, gerou comoção no Brasil.
Furtado, que era seguido por mais de meio milhão de pessoas no Instagram, fez o procedimento estético na bancária Lilian Calixto, de 46 anos, fora do ambiente ambulatorial ou hospitalar, contrariando regras de segurança.
A paciente morava no estado do Mato Grosso, centro-oeste brasileiro, e viajou ao Rio de Janeiro para fazer a bioplastia, como é conhecido o procedimento. De acordo com relatos na imprensa, Lilian avisou a família que voltaria para sua cidade logo após o procedimento. De acordo com um vídeo publicado nas redes sociais pelo próprio médico, seis horas após o procedimento Denis levou Lilian ao hospital para ser socorrida, mas dentro de algumas horas, o quadro da bancária evoluiu para óbito por parada cardíaca. A suspeita é que tenha ocorrido um tromboembolismo venoso em decorrência do preenchedor. Até o momento as causas da morte não foram divulgadas.
Furtado e a mãe, que é ex-médica, ficaram foragidos por quatro dias e foram presos nesta quinta-feira (20), no Rio de Janeiro, onde serão indiciados pela morte de Lilian Calixto.. A tragédia levantou discussão sobre o uso seguro do PMMA, material supostamente usado no procedimento. Apesar de a substância ser aprovada e regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), especialistas consultados pelo Medscape recomendam cautela no uso.
O PMMA é um preenchedor biocompatível bifásico, composto por microesferas suspensas em uma solução de colágeno bovino, carboximetilcelulose ou hidroxietilcelulose. O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dr. Sérgio Palma, informa que o PMMA é um preenchedor definitivo, pois não é absorvido pelo corpo.
"É um produto utilizado para sustentação, reposição de volume da face e de volume corporal, e para preenchimento de sulcos", explica.
De acordo com o especialista, a aplicação deve ser limitada a pequenas quantidades, como é tipicamente feito em casos de preenchimento reparador da lipodistrofia facial decorrente de aids. O Sistema Único de Saúde (SUS) inclusive prevê em seu rol de procedimentos o uso do PMMA em pacientes que apresentam diminuição do tecido adiposo facial em decorrência do HIV ou dos medicamentos antirretrovirais.
O Dr. Márcio Soares Serra, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, faz preenchimento com PMMA em pacientes com HIV há duas décadas. De acordo com ele, o sucesso da aplicação depende muito da técnica do médico, e a substância não é indicada para aplicação em grandes quantidades, já que não existem trabalhos de longo prazo mostrando eficácia e segurança. Em estudo do uso em pequena quantidade, como 22 ml, o preenchimento pode ser seguro[1], desde que o médico esteja tecnicamente habilitado para utilizar o produto corretamente.
De acordo com o Dr. Serra, o preenchedor deve ser utilizado de forma subcutânea.
"Na minha experiência, todos os problemas que vi relacionados ao PMMA, aconteceram quando o produto foi injetado muito profundamente, dentro do músculo, ou muito superficialmente".
A Dra. Marcela Cammarota, cirurgiã plástica e secretária-adjunta da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) adverte: usar o PMMA nas quantidades necessárias para preenchimento do glúteo, panturrilha e coxas não é recomendado, pois a chance de complicação é muito alta.
No caso de preenchimento estético para aumento de glúteo, a quantidade utilizada de PMMA pode variar de 400 ml a até 1,5 l, o que aumenta exponencialmente a imprevisibilidade dos efeitos colaterais, e é absolutamente desaconselhado, orienta a Dra. Marcela.
Problemas com o PMMA
O cirurgião plástico Dr. Wendell Uguetto, membro da SBCP conta que, mesmo usado em pequenas quantidades, o PMMA não está livre de efeitos adversos decorrentes da aplicação. Os efeitos podem surgir, inclusive, muitos anos depois do uso do produto. Entre eles estão edema, infecção no local da aplicação, granuloma, e migração da substância para outra parte do corpo.
Quando acontece algum problema com o preenchimento, é preciso uma intervenção cirúrgica para tentar retirar o produto do corpo, o que não acontece em sua totalidade, já que o PMMA pode se entremear aos tecidos do paciente, dificultando a retirada.
O Dr. Palma explica que, na maioria dos casos, as complicações posteriores do uso do PMMA não comprometem a vida, mas a autoestima do paciente, pois os efeitos como edema e granuloma são visíveis.
"Alguns pacientes podem precisar de medicações que controlem essas reações imunológicas e inflamatórias, como corticoides. Muitas vezes é preciso tomar ciclos de medicações anti-inflamatórias para contornar o problema", diz o dermatologista, acrescentando que, como o PMMA é um preenchedor definitivo, os problemas podem retornar depois de algum tempo.
A dermatologista Dra. Larissa Montanheiro se preocupa também com o risco da aplicação.
"Ele se torna mais alto quando o médico não tem boa técnica, treinamento, e excelente conhecimento da anatomia. Na falta desses quesitos, pode ser indicado erroneamente".
Há diferentes marcas de PMMA no mercado. A manipulação do produto foi proibida pela Anvisa em 2007, portanto o preenchedor vem em seringas prontas para o uso.
Para o Dr. Uguetto, a substância não deveria ter autorização da Anvisa, em decorrência dos problemas que podem acontecer anos depois. Para ele, há alternativas mais seguras que proporcionam resultados semelhantes, como o ácido hialurônico, embora os efeitos deste durem no máximo 18 meses, o que exige reaplicação. Mesmo com um custo que chega ser até 10 vezes maior do que o do PMMA, o Dr. Uguetto considera o uso de ácido hialurônico mais prudente, tanto para preenchimentos reparadores quanto para fins estéticos."
Fonte: https://www.sbd.org.br/preenchimento-ligado-a-morte-de-paciente-no-rj-tem-liberacao-da-anvisa-mas-deve-ser-usado-com-cautela-alertam-especialistas/
De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, na publicação de 25 de julho de 2018: "Trombose e embolia: riscos da imperícia e do uso inadequado de substância para aumento dos glúteos":
"Trombose e embolia: riscos da imperícia e do uso inadequado de substância para aumento dos glúteos
Após o caso da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, que morreu depois de realizar um preenchimento nos glúteos com polimetilmetacrilato (PMMA), a polícia do Rio investiga outros dois casos semelhantes. Ao serem socorridas, as vítimas apresentavam falta de ar, o que sugere embolia pulmonar. A suspeita é de que o produto aplicado para dar volume ao corpo tenha sido injetado dentro de um vaso sanguíneo, se deslocado até uma artéria pulmonar e provocado a parada cardiorrespiratória. Segundo médicos, esse é um dos maiores riscos envolvidos no procedimento.
- O PMMA não é um produto que costuma ser usado por cirurgiões plásticos. É liberado pela Anvisa para uso em pequena quantidade na face em pacientes com HIV e perda de gordura. A substância não é absorvida pelo organismo e não há estudos que comprovem a sua segurança a longo prazo - afirma Sérgio Bocardo, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e chefe do setor de cirurgia plástica do Hospital Federal de Ipanema.
Estudos que avaliaram a segurança do PMMA foram realizados com o uso de 22 ml.
De acordo com o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Sérgio Palma, preenchedores permanentes, como o PMMA, estão mais ligados a complicações:
- As imediatas, mais graves e temidas estão relacionadas com os acidentes vasculares por embolização ou compressão arterial e venosa.
A SBD recomenda a utilização do ácido hialurônico como padrão ouro de preenchedor estético facial. A substância custa dez vezes mais que o PMMA.
O ácido hialurônico pode ser utilizado para depressões glúteas e não para aumento de volume. Se a intenção for essa, o indicado é a colocação de prótese de silicone por um cirurgião plástico, diz Palma.
A realização de procedimentos estéticos, como lipoaspirações e suas variadas nomenclaturas (lipolight, lipoescultura) em local não apropriado, como salões de beleza, é outro grande risco.
No lugar de sedar o paciente e fazer o procedimento com toda a segurança num centro cirúrgico, o profissional terá que lançar mão de anestésico local. Existe uma dose máxima que pode ser usada, sob risco de intoxicação, podendo causar convulsão, arritmias e parada cardíaca. Para uma lipo, sabemos do uso de anestésico local em doses altas, até cinco vezes mais que o máximo recomendado. É um grande risco - alerta Bocardo.
Bocardo diz que o primeiro passo antes de se submeter a uma cirurgia é se certificar que o profissional tem registro ativo no Conselho Regional de Medicina do estado, no caso, o Cremerj. Isso é possível saber pelo site da entidade (www.cremerj.org.br). Depois, verificar se o médico tem capacitação e é especialista pela SBCP, acessando o site www2.cirurgiaplastica.org.br. É bom lembrar que a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina não reconhecem medicina estética como uma especialidade médica."
Fonte: https://www.sbd.org.br/trombose-e-embolia-riscos-da-impericia-e-do-uso-inadequado-de-substancia-para-aumento-dos-gluteos/
De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, na publicação de 19 de julho de 2018: "Com má fama, PMMA não deveria ser usado para fins estéticos, dizem médicos":
"Com má fama, PMMA não deveria ser usado para fins estéticos, dizem médicos
Não é de hoje que o PMMA (polimetilmetacrilato) carrega má fama, mas a substância continua causando complicações graves.
No domingo (15), a bancária Lilian Calixto, 46, morreu após complicações em cirurgia realizada pelo médico Denis Cesar Barros Furtado, 45, conhecido em redes sociais como Doutor Bumbum. Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico, que está foragido, realizou o procedimento em sua casa, o que é proibido.
A suspeita é que ela tenha sofrido uma embolia pulmonar devido à aplicação da substância PMMA (polimetilmetacrilato) para preenchimento estético no glúteo.
De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o PMMA pode ser usado em procedimentos estéticos para corrigir rugas e restaurar pequenos volumes perdidos de tecidos com o envelhecimento.
Mas nem a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) nem a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomendam o uso do produto para fins estéticos. Segundo médicos das entidades, a exceção seria o uso do preenchimento facial em pessoas com HIV/Aids, para corrigir a lipodistrofia causada pelos medicamentos, indicação prevista pela Anvisa em portaria de 2009.
Segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), quando usado em grandes quantidades, o PMMA não é seguro, tem resultados imprevisíveis a longo prazo e pode causar reações incuráveis, como inflamações, nódulos, necrose e até a morte.
No censo de 2017 da SBCP, a entidade incluiu pela primeira vez dados sobre as sequelas dos implantes com PMMA devido ao aumento no número de complicações. Em 2016, foram feitas 4.432 cirurgias plásticas para corrigir defeitos decorrentes da aplicação da substância, de um total de 664.809 operações reparadoras.
O total de complicações, porém, é bem maior, segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica "" Regional São Paulo (SBCP-SP). No mesmo ano de 2016, houve mais de 17 mil registros em todo o país.
Para a maioria dos cirurgiões plásticos ouvidos pela entidade, o produto deveria ter seu uso e comercialização banidos do mercado nacional.
O PMMA (polimetilmetacrilato) não é recomendado pela SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) para fins estéticos - Rafael Andrade
Fonte: https://www.sbd.org.br/com-ma-fama-pmma-nao-deveria-ser-usado-para-fins-esteticos-dizem-medicos/
É função do Médico Perito e do Médico Assistente Técnico Judicial avaliar esses e outros aspectos fundamentais nas ações de erro médico em cirurgia plástica e outros procedimentos estéticos, analisar a causa e a extensão do dano, bem como determinar as responsabilidades e compensações necessárias para cada paciente.
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